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As Mulheres de Thor – O Mundo Sombrio

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Texto de Bia Cardoso.

Dentre os blockbusters hollywoodianos desse ano, um que me surpreendeu positivamente foi ‘Thor 2 – O Mundo Sombrio‘. Sequência do primeiro filme do herói de Asgard, além do enredo estar melhor e de Loki continuar sendo um dos melhores vilões das adaptações dos quadrinhos para o cinema, o mais bacana foi ver como o papel das mulheres cresceu nessa segunda parte.

Quando ‘Os Vingadores’ estreou ano passado discussões sobre o sexismo nos filmes de super-heróis pipocaram em alguns sites. Afinal, a única personagem feminina da trupe era a Viúva Negra. Embora, os seriados e alguns filmes americanos tenham apresentado nos últimos anos diversas personagens femininas que sabem lutar e defender causas nobres ou até mesmo salvar o planeta. A Marvel até anunciou, recentemente, a possibilidade de realizar um filme com uma super-heroína no papel principal. Mercado para isso acredito que não falta. Portanto, acho que as mudanças nos papéis das personagens femininas nos filmes de Thor sejam positivas e, quem sabe, representem um olhar mais apurado para as mulheres fãs de quadrinhos e de cinema-pipoca.

Da esquerda para direita: Frigga (Rene Russo), Sif (Jaimie Alexander) e Jane Foster (Natalie Portman).

Da esquerda para direita: Frigga (Rene Russo), Sif (Jaimie Alexander) e Jane Foster (Natalie Portman). Foto: Marvel Studios.

A primeira personagem a chamar atenção é Frigga (Rene Russo), rainha de Asgard, mãe de Thor e Loki. Confesso que não gostei muito do primeiro filme de Thor, então mal me lembro dessa personagem. Porém, agora ela é figura central na narrativa, porque a trama central entre os irmãos parte justamente da relação que possuem com a mãe. Talvez a única coisa capaz de uní-los no momento. Frigga aparece com aquela pose tradicional de rainha, mas logo fica claro que ela não abaixa a cabeça para tudo que Odin fala. Ao mesmo tempo, sofre com as ações de Loki, mas se mantem próxima. É um arquétipo materno, porém, também representa uma linhagem de mulheres guerreiras.

Frigga utiliza truques de ilusão para arquitetar diversas ações, remetendo-a também ao arquétipo da bruxa. Essa característica também poderia remeter a ideia de que as mulheres sempre tem subterfúgios para conseguirem o que querem, que sabem truques para enganar os pobres homens. Porém, fica claro que Frigga sabe muito bem como e quando usar seus conhecimentos, além de não fugir no momento em que é preciso enfrentar diretamente o inimigo. Ela acaba sendo a personagem central do longa, no sentido de que tudo muda a partir de suas ações. E, provavelmente por isso, ganha uma belíssima homenagem.

Sif (Jaimie Alexander) é a única mulher que faz parte da patotinha de Thor. Já havia chamado atenção no primeiro filme e continua com um quê de Xena, a Princesa Guerreira. Representa o arquétipo da guerreira leal que está sempre pronta para entrar em ação. É ótimo vê-la participando dos planos de Thor e das cenas de batalha. Rola ali aquela forçada de barra básica, dando a entender que ela é apaixonada por Thor e tem ciúmes de Jane Foster, mas quero crer que os roteiristas saibam que Sif é uma personagem bem mais interessante que uma reles antagonista amorosa. Só precisa de mais espaço na trama.

Jane Foster (Natalie Portman) é, provavelmente, a namorada de super-herói mais interessante que já apareceu. Porque, apesar de também ter que ser resgatada por seu herói em todos os filmes, Jane é uma física super inteligente e isso fica mais evidente nesse segundo filme. Outro ponto positivo é que mesmo tendo que ser salva, Jane é peça fundamental para ajudar Thor a salvar o planeta, seja por meio de suas pesquisas científicas ou pela criatividade que tem para resolver problemas.

Darcy (Kat Dennings) é a melhor amiga de Jane Foster e também o principal alívio cômico do filme. Com seu sarcasmo, acaba lembrando muito outra personagem da mesma atriz, a Max de ‘2 Broke Girls’. Porém, Darcy tem seu charme e é meio impossível não simpatizar com ela, porque não é todo dia que uma amiga nossa namora um super-herói de outro planeta, que sempre que aparece traz consigo vários problemas que ameaçam o planeta.

É claro que há poucas mulheres no filme comparadas ao número de homens. Quase não há personagens negros. A própria patotinha de Thor poderia contar com mais mulheres, apesar de que o objetivo parece ser montar um grupo bem heterogêneo, quase uma boy band com um asiático, um playboy, um cara ruivo bem grande, uma mulher e o loirinho Thor. Também é interessante que o grupo que cuida de Jane Foster em Asgard seja todo formado por mulheres que podem ser tanto médicas como físicas.

Acredito que Thor passe no Teste de Bechdel. E, mesmo tendo poucas mulheres, considero um fator positivo que quatro delas estejam entre os papéis relevantes do filme. Frigga, Sif, Jane e Darcy tem funções importantes na trama e são responsáveis por desencadear ações que vão muito além do romance ou da maternidade, papéis tão repetidamente simbolizados pelas mulheres em filmes desse tipo.

O filme até pode se chamar ‘Thor: O Mundo Sombrio’, e os fãs certamente estão comprando ingressos para verem Thor e Loki entrarem em ação, mas são as mulheres do filme que estão realmente detonando. A esperta Jane Foster, a guerreira Sif, a mãe de Thor e até mesmo o alívio cômico de Darcy estão ligadas diretamente a ação dessa vez, dando-lhes igualdade em comparação aos papeis masculinos e, provando mais uma vez que quando se trata de heroínas a Marvel tem feito um bom trabalho.

Talvez, parte do crédito para as mulheres fortes de ‘Thor: O Mundo Sombrio’ vá para Joss Whedon, diretor de ‘Os Vingadores’, que teve uma participação no roteiro. Whedon sabe uma coisa ou duas coisas sobre personagens femininas fortes — afinal, ele é o cara que nos deu ‘Buffy – A Caçadora de Vampiros’. Mas, os filmes da Marvel em geral têm apresentado personagens femininas fortes como a Viúva Negra e Pepper Potts nos filmes do ‘Homem de Ferro’. Estas são as mulheres que não precisam provar nada para ninguém, podem simplesmente estar ombro a ombro com os homens e agir quando necessário. Referência: Reel Women: The Ladies of Thor: The Dark World.

Trailer de Thor: O Mundo Sombrio.

Bia Cardoso

Uma feminista lambateira tropical.

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